Exames de doadores apresentaram 'falso negativo' e casos foram descobertos após paciente passar mal; laboratório responsável foi interditado.
Escrito por Bx.
SÃO PAULO, SP – Seis pacientes no Rio de Janeiro foram contaminados com o vírus HIV após receberem órgãos transplantados. A informação, divulgada pela rádio BandNews FM nesta sexta-feira (11), foi confirmada pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ). Os exames dos doadores, inicialmente realizados pela PCS LAB de Nova Iguaçu, apresentaram 'falsos negativos' para HIV, resultando na transmissão do vírus.
O laboratório havia sido contratado em caráter emergencial pela SES-RJ em dezembro de 2023, mas, após novos testes realizados pelo Hemorio, foi confirmado que as amostras estavam contaminadas. O caso veio à tona quando um dos pacientes, que havia recebido um coração há nove meses, deu entrada no hospital com sintomas neurológicos. Exames revelaram a presença do vírus HIV, levando à identificação de outros cinco casos entre transplantados.
Laboratório Interditado e Novos Exames
Diante da gravidade, o laboratório PCS LAB foi imediatamente interditado e "não funciona mais", conforme informou a secretária de Saúde do estado, Claudia Maria Braga de Mello, em entrevista à BandNews FM. Todos os exames de transplantes agora são conduzidos pelo Hemorio. "Temos o compromisso de manter a qualidade que sempre tivemos. Este foi um caso sem precedentes", afirmou a secretária.
A SES-RJ instaurou uma sindicância para investigar os responsáveis e acolher os pacientes afetados. Uma equipe multidisciplinar, incluindo assistente social, psicólogo e representantes da Coordenação de HIV e AIDS, está em contato com os pacientes e oferecendo suporte. "Algumas pessoas já estão sendo visitadas em casa ou em algum local escolhido por elas", disse Claudia Maria Braga.
Reavaliação dos Casos e Medidas de Segurança
Como medida imediata, a SES-RJ iniciou o rastreamento de todas as amostras de sangue de doadores a partir de dezembro de 2023, quando o laboratório PCS LAB foi contratado. As identidades dos doadores e transplantados estão sendo preservadas enquanto as investigações continuam.
Em nota oficial, a SES-RJ classificou o caso como "inadmissível" e destacou o impacto negativo em um sistema de transplantes que, desde 2006, salvou mais de 16 mil vidas. "Este é um episódio sem precedentes em nossa história, e medidas rigorosas serão tomadas para garantir a segurança e a confiança nos serviços de saúde do estado", concluiu a secretaria.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) também estão acompanhando o caso, e novos desdobramentos são aguardados.
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